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Mestiça


Sou filha de índia guerreira pega a laço

Sou filha de negro liberto pelo ventre livre

Sou filha de português invasor

Sou filha de alemão desbravador

Sou filha de italiano sonhador

Sou filha do solo brasileiro


A índia que gerou mestiços

de olhos caramelos e cabelos castanhos escuros

falando alemão definhou com olhar perdido na mata

a espera de seu povo que também saudoso a esperava


A negra que gerou mulatas com requebrado e paixão

de olhos claros e cabelos em caracol

falando italiano definhava no braço do senhor que açoitava


A portuguesa que acumulou cada torrão para o rei além mar

de pele branca e andar solto

de falar Nheengatu proibido pelo marquês

tramando ideias de libertação


Sou filha de índia guerreira pega a laço

Sou filha de negro liberto pelo ventre livre

Sou filha de português invasor

Sou filha de alemão desbravador

Sou filha de italiano sonhador

Sou filha do solo brasileiro


A brasileira que gerou filhos multicoloridos e multiculturais

de tez rosada, amarela, branca e negra

de olhos azuis, verdes, castanhos e negros

A brasileira sabida e polifônica

saiu requebrado e cantando

quebrou silenciosamente muralhas, torres e correntes

Gritou na rosa dos ventos

Sou índia, Sou negra, Sou branca,

Sou brasileira.


Sou filha de índia guerreira pega a laço

Sou filha de negro liberto pelo ventre livre

Sou filha de português invasor

Sou filha de alemão desbravador

Sou filha de italiano sonhador

Sou filha do solo brasileiro



Não tenho como mudar o passado, mas posso aprender com ele e agir no presente para reparar os erros dos antepassados. A todos os índios, filhos da terra, peço licença para viver neste solo que chamo de Brasil.

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